terça-feira, dezembro 13, 2005

E foi num átimo de segundo em que eu olhava pra menina ao lado, dançando Sebadoh sem pensar no amanhã, que o tempo parou. E eu me vi estranhamente preso num limbo temporal em que só eu me mexia, sob os olhares inertes e congelados da pista lotada, no silêncio repentino da música que não mais tocava. Um momento imensurável, já que o tempo não era mais tempo, o relógio não mais corria e nem o vento circulava mais. Mas com o mundo em animação suspensa, sumiram de imediato todas as razões de minha ansiedade. O trabalho do dia seguinte, o compromisso inadiável do fim-de-semana, a tensão em ver a pessoa amada com outro, a música ruim que não incitava à dança. Calou-se o bêbado que insistia em perturbar, parou de correr o sangue do dedo cortado pela lata de cerveja, desapareceu a menina que não me queria, cessou a fofoca a me difamar entre pseudo-amigos. Eu não era mais o ex-bêbado, o ex-fotologger, o ex-mulherengo, era tudo, menos o ex-qualquer coisa. Eu continuava, os outros é que pararam. Um momento imensurável, que passou logo em seguida. Ou teriam sido horas, meses, anos depois? Tudo o que sei é que a música voltou a tocar, as pessoas voltaram a dançar e circular, a ansiedade voltou a atacar.

Preciso de mais momentos assim, mesmo que eu envelheça ligeiramente mais rápido do que as outras pessoas congeladas no tempo.
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