segunda-feira, outubro 30, 2006

AWESOME... I FUCKIN' SHOT THAT!!

A quem interessar possa, coloquei um álbum das fotos do show dos Beasties de ontem bem aqui.

É, a maioria está bem tremida, mas uma mulher da organização e depois um segurança vieram me dizer para não usar flash. Tranqüilo, dá para se ter uma idéia do quão alucinado foi.

Amanhã, Curitiba. See ya.
HMMMMMMMMM..... DROP!

Sim, eu sobrevivi. Sim, foi o show da minha vida. Mas não, não foi perfeito como eu esperava.

Primeiro, cadê o resto da banda? Cadê Money Mark e Alfredo Ortiz?

Como assim eu vi um show dos Beastie-Fuckin'-Boys e não pude ouvir "Sabrosa" e "Something's Got To Give"? Será que eles sabem o que essas músicas significaram pra mim nos anos 90?

Foi culpa deles? Da produção?

E eu nem ligo de as músicas não serem emendadas como de praxe. É muita idéia de jerico mesmo fazer show de terno no Rio, os velhinhos não agüentam o calor! Daqui a pouco "Ricky's Theme" se realiza! No mais, é bom ver que Mike D continua incansável e Ad-Rock o MC mais carismático da face da Terra.

Segundo, se uma porra de banda de hip-hop só tem uma caralha de equipamento pra se preocupar se funciona ou não, como é que a buceta da merda da produção do festival consegue fuder exatamente com o instrumento principal (turntables)? Nunca vi ninguém tão puto num show quanto o Mixmaster Mike. Maldito Tim.

Terceiro, foi mal, companheiros, mas esse show tinha que ter sido em Sampa. Só assim pra não ir um monte de gente nada a ver que nem sabe do passado da banda (coitado do Adam ao esperar que todos cantassem "Paul Revere"), ganhou VIP pra ir e ficou perdido lá atrás.

Bom, é isso aí, fiquei na grade, pulei, gritei, vi meus ídolos de perto e estou feliz como uma criança.

Sabe o que é melhor? Vou ver em Curitiba na terça de novo. Niver do Ad-Rock. Foi mal.

SET-LIST (Ordem não-fiel):

Root Down
Triple Trouble
Sure Shot
Pass the Mic
Time to Get Ill
Do It
Egg Man
The Skills to Pay the Bills
Flute Loop
Posse in Effect
No Sleep Till' Brooklyn
Body Movin'
Paul Revere
Shake Your Rump
Brass Monkey
3 MC's and 1 DJ
Super Disco Breakin'
Ch-Check It Out
So What'cha Want
Intergalactic
Gratitude
Sabotage



domingo, outubro 29, 2006

RIGHT RIGHT NOW NOW

Chegou o dia. Após 17 anos de espera, dois shows escorrendo pelos dedos, em 1995 e 2000, eu vou ver a melhor banda da galáxia ao vivo.

Não importa o set-list, a duração do show ou o que quer que seja, já sei de antemão que será o show da minha vida.

Se eu não agüentar e morrer, tenham em mente que eu morri feliz.

quinta-feira, outubro 26, 2006

I FOUGHT THE WAR

Enquanto eu me recupero de ontem (e tento produzir algo no trabalho), fiquem com este pequeno vídeo que fiz do Metric tocando (a uma e meia da tarde!!!) no Reading 2006:



Até!

terça-feira, outubro 24, 2006

CHACAL @ CLUB HYPE - 25/10

Sim, é uma vergonha eu me utilizar de auto-propaganda barata aqui, quando os meus 12 leitores esperam um pouco de pseudo-literatura-de-blog, algum "causo" picante ou bizarro ou mesmo dicas que podem ou não ser levadas em consideração. Mas quarta-feira é um dia ingrato para se sair e o Rio de Janeiro é uma cidade ingrata para se fazer uma festa alternativa e esperar que bombe seriamente.

De qualquer forma, é uma delícia para os de bom gosto o repertório que estou bolando para hoje. Claro, nada de set-list de casa, isso é coisa de amador, mas tem umas 387 músicas que quero tocar, vamos ver quantas eu consigo encaixar na horinha, horinha e meia em que devo discotecar. Tudo novidade. Exceção para louvar a melhor banda do Universo, mesmo que eu ainda não tenha decidido qual será a música. Tem ainda The Automatic, Men, Women And Children, Klaxons, Loose Cannons, Boy Kill Boy, Howling Bells, entre várias outras.

Segue o anúncio completo:

CLUB HYPE - NEW RAVE 4 CLUB KIDS
Quarta 25 de outubro
DJ Luciano Vianna (Residente - London Burning)
DJ convidado: CHACAL
Show com COOPER COBRAS (pontualmente 01h)
Fosfobox - Rua Siqueira Campos 143 - Copacabana
R$ 5,00 (lista amiga) e-mails para carlos.andre@gmail.com até as 22h do dia 25/10.
R$ 10 c/ flyer até 1h
R$ 15 c/ flyer apos 1h
R$ 20 sem flyer
Info (21) 8721-0207

http://www.myspace.com/clubhype_rj
http://www.myspace.com/coopercobras


Vou dever também mais uma atualização e o exorcismo final da viagem, possivelmente brotando neste finde tumultuado, com TIM Festival e eleições. Mas antes, duas considerações importantes:

  • Quando na região da Prado Júnior, em Copa, use seu celular. É impossível fazer uma ligação de qualquer orelhão sem cair na gargalhada com anúncios como este:
OBS.: Telefones e partes à mostra airbrusheados, claro. Propaganda de sluts tem limite, já basta a minha própria.
  • Morte aos curadores do Festival do Rio por não terem trazido "Nossa, Eu Filmei Isso!" (Awesome... I Fuckin' Shot That!), enquanto a Mostra de SP trouxe. Foi ter assistido ao DVD e deu uma vontade incontrolável de ver essa maravilha no telão. Bom, ao menos domingo e terça tem ao vivo. Será que eu sobrevivo?
Até amanhã então. Na Fosfo, claro.

quinta-feira, outubro 19, 2006

UMA DÉCADA

Nostalgia é o prenúncio da crise dos 30. Atrasada, no meu caso. Mas é só alarme falso. A curiosidade de olhar para trás em uma década foi desencadeada pela capa da Bizz (10 anos sem Renato Russo) e pelo álbum novo do Beck (a última vez em que ele fez algo tão bom foi com o Odelay, também há 10 anos). Alguns fatos hoje emblemáticos para mim daquele ano longínquo de 1996:

1 - Foi o ano em que falhei, por 4 pontos apenas, no meu segundo e mais almejado concurso até então, para AFTN (Auditor-Fiscal da Receita), após ter estudado por um ano, numa onda que começou em abril de 1995, quando perdi os Beastie Boys no Imperator pra fazer concurso em Florianópolis;

2 - Foi a última vez em que segurei um par de baquetas, após tocar com meus amigos em Campo Grande na festa junina do clube local, com um repertório que tinha Black Hole Sun, do Soundgarden, Should I Stay Or Should I Go?, do Clash, e Have You Ever Seen The Rain?, do Creedence Clearwater Revival, entre outras;

3 - Tive meu primeiro (e persistente) amor platônico na idade adulta;

4 - Minhas incursões na noite alternativa carioca tornaram-se semanais: havia Edinho e Wilson no finzinho da Basement e na Bang! (o prédio da antiga Embaixada da China, na São Clemente); o Túlio incendiava com o hip-hop na Sinuca da Lapa com a Mary Jane Pra Prefeito e a Zoeira, a Alien Nation começou no Let It Be, depois na Bambina, antes de explodir de vez no ano seguinte, na Guetto;

5 - Assisti a White Zombie e Smashing Pumpkins na melhor e mais potente dobradinha do Hollywood Rock, dormi no interminável show do The Cure, sacudi com Supergrass, Black Crowes e Page & Plant e ainda vi neste ano: Cypress Hill, Bad Religion, Bosshog e Sex Pistols (Close-Up Planet). Por algum motivo bizarro, não consigo me lembrar dos outros shows deste ano;

6 - Uma de minhas bandas preferidas, o Soundgarden, decretou a morte definitiva do grunge com Down On The Upside. Fim de uma era.

7 - Volmar, dono da saudosa Spider (responsável por boa parte da minha educação musical nos anos 90), veio pra mim e disse "Ouve isso. Lembra The Fall e Gang Of Four". Era o House Of G*V*S*B*, do Girls Against Boys. Banda com dois baixistas, vocal arrastado e o rock de levada mais sexy que eu já ouvira até então. Tornou-se a partir daí, e até hoje, minha segunda banda favorita.

8 - Regular Urban Survivors, do Terrorvision, fez com que encabeçassem a minha lista de "prazeres pop proibidos";

9 - Alguns dos melhores álbuns, fora os já citados: Weezer - Pinkerton, Cake - Fashion Nugget, Ash - 1977, Stone Temple Pilots - Tiny Music..., Fun Lovin' Criminals - Come Find Yourself, Fugees - The Score, Ghostface Killah - Ironman, RATM - Evil Empire, Chico Science & Nação Zumbi - Afrociberdelia;

10 - Algumas das músicas isoladas que mais me fizeram dançar: Lush - Ladykillers, Luscious Jackson - Naked Eye, 2Pac - California Love, Marylin Manson - Beautiful People, Future Sound Of London - We Have Explosive, Superdrag - Sucked Out.

Foi o último ano em que aceitei que "quase" fizesse parte do meu vocabulário. No ano seguinte, a reviravolta. Mas isso é papo pra 2007.

sábado, outubro 14, 2006

CHIQUE NO ÚRTIMO

Ainda de Sampa, não vou realmente escrever nada, mas só dar dois toques:

1) Já ouviu o novo do Beck, "The Information"? Sensacional. Não consigo parar de escutar. "Cellphone's Dead", então, é genial.

2) Já viu Bost? Olhe então o que essa turma do Rio aprontou e dê boas risadas: http://www.youtube.com/watch?v=wkcs195P7TU

Té.

quarta-feira, outubro 11, 2006

SUPERZERO

Diários de Byron Parker, 10/2001:

"Minhas peregrinações pelo universo do misticismo e vudu remontam de longínquas épocas, em que conheci o mundo dos orixás mais profunda e dramaticamente do que Harry Angel em “Coração Satânico”. Desde criança fui assombrado por visões (e audições) perturbadoras (no, I don’t “see dead people”!!!), que iam de bolas de gude se chocando sozinhas até luvas que tomam vida e máquinas de escrever batendo durante a noite E eu não estava sempre sozinho em algumas dessas experiências sinistras, o que lhes garante fidelidade e a mim, no máximo, a fama de amaldiçoado, mais “cool” do que mentiroso. Após consultar espíritas e toda sorte de religiosos e constatar que o nome “Damien” não aparecia na minha certidão de nascimento, resolvi simplesmente esquecer (“desencanar”, em SP) e as visões sumiram. Anos mais tarde, no 2º Grau, fui finalmente visitar um terreiro de macumba. Tá bom, Centro de umbanda. Nosso Professor de História era freqüentador (tornar-se-ia, mais tarde, pai-de-santo) e levou a gente lá. Entendam como “a gente” os seis alunos que tiveram culhão de comparecer à sessão.

Cada noite, vários tipos de espíritos diferentes “desciam” nos participantes. Cada sessão diferente com espíritos comuns era chamada de “roda”. Para auxiliar a comunicação entre platéia e entidades incorporadoras, havia colaboradores, chamados de “cambonos”, que traduziam a linguagem dificílima dos espíritos para o público, ávido por participar através de perguntas. Primeiro vinha a roda dos caboclos, os espíritos dos índios, como Sete-Flechas, por exemplo. Depois, a roda dos pretos velhos. Nessa parte, as pessoas pediam conselhos e perguntavam sobre passado e futuro. O que eu achei extremamente intrigante era a forma como as entidades incorporavam: as pessoas cantavam e dançavam a música de cada espírito, que tinha já seu “recipiente” certo. O futuro hospedeiro começava a se sentir tonto, cambaleava e então seu corpo tremia e ele dava um salto. O espírito havia entrado (STP). E o então indivíduo “possuído” (STP) passava a se comportar tal e qual a entidade que havia incorporado. No caso dos pretos velhos, curvava-se como um ancião e fumava um cachimbo fedorento, andando com dificuldade e aparentando realmente ser tão jovem quanto Matusalém. Se era realmente incorporação de espíritos ou pura auto-sugestão, não sei até hoje e prefiro não especular, dando margem para qualquer coisa que possa existir fora deste plano terreno. Nunca fui cético ou crédulo demais.

Logo em seguida, vinha a roda das crianças e tudo virava festa. Pulavam, brincavam, mexiam com a platéia, falavam língua de criança (com Síndrome de Down) e era bolo e refrigerante pra todos, até pra nós. O clima meio soturno pareceu desanuviar-se em nossas cabeças, um pouco incomodadas com a experiência nova, mas respeitosas. Foi aí que veio então a roda dos exus. E meu drama começou. Como já disse, exus não são necessariamente malignos, mas sim amorais. Porém, apavoram assim mesmo, com suas caras feias, bebendo tigelas cheias de pimenta (os recipientes juram, depois, não sentir seqüela alguma, nem ardência (STP)) e fazendo olhares de mau. Com nomes como Zé Pelintra, Sete-Encruzilhadas e Tranca-Rua, não dá pra ser amigável, mesmo. Mas o mais temido era o Exu Caveira. E foi em determinada hora que o próprio parou na minha frente, apontou na minha direção e disse: “Você volta aqui semana que vem!!!” Meu sangue gelou. Olhei pro cambono dele com uma cara espantada e ele me disse que o Exu Caveira iria querer falar comigo na semana seguinte. A galera me encarava como se eu estivesse morto e enterrado. “Posso ficar com a matéria do seu caderno, se você não voltar mais?”, zoou um colega de classe. Nem prestei atenção na roda seguinte, a das pomba-giras. Tudo o que eu queria era sumir. E dormir de luz acesa.

A semana demorou um século pra passar. Só pensava em frases como “você vai morrer daqui a dois dias”, “vou te levar comigo pro Inferno” ou coisa parecida. Meu professor de História dizia pra ter calma, que provavelmente ele viu alguma coisa em mim e quer me contar em um momento propício. Eu só esperava que não fosse algo do tipo “Você vai tomar o meu lugar, gafanhoto”. Na sexta-feira, falei pra minha mãe que iria a uma festa na casa de amigos (como explicar ir pela segunda vez seguida a um terreiro?) e rumei para meu destino, acompanhado de uma testemunha (nem que fosse pra dizer depois: “é, seu Polícia, ele era um bom rapaz, meio maluco, mas um bom rapaz...”). Quando chegou a roda dos exus e o Caveira baixou, o cambono dele veio me chamar e me levou até um canto onde estava um banquinho. Se eu já tivesse assistido, naquela época, à “Bruxa de Blair” e ele me mandasse ficar de costas pra parede, já teria me borrado. Mas não foi nada disso.

O Exu chegou e falou um monte de coisas que eu não entendi, virou de costas e saiu de fininho. O cambono me explicou que ele havia dito que eu era médium. Disse que eu tinha uma sensibilidade muito grande com o mundo dos espíritos, um potencial enorme para explorar essas habilidades latentes, fosse num terreiro ou num centro espírita. Bom, dei-me por satisfeito em não ser nada de grave e refleti sobre a veracidade dessa afirmação, já que minhas experiências infantis inexplicadas poderiam nela encaixar-se perfeitamente, e tudo faria sentido. Se vocês querem saber, não vou dizer que acredito ou deixo de acreditar. Prefiro que tudo fique sem explicação e que meus “poderes”, caso existam, continuem latentes, só no potencial. É por isso que até hoje eu dou uma conferida debaixo da cama, de vez em quando, fico sem dormir direito após filmes como “O Sexto Sentido” e não deixo porta de armário aberta ao me deitar. Que saco!! Por que eu não posso ter a chance de possuir um poder legal, como visão de raio-X (pra ver a mulherada nua), invisibilidade (pra ver a mulherada tomar banho) ou invulnerabilidade (pra dar porrada em jiu-jiteiro)? "


Este trecho ressuscitado dos meus finados diários foi exatamente o que me veio à mente ontem, quando experimentei pela primeira vez a droga que vai me manter viciado pelos próximos meses. Estou falando de Heroes, claro, a nova série da NBC americana. Na cena inicial, vemos o que parece ser um anúncio de internet, globalização, essas coisas. Um jovem de 20 anos no topo de um prédio, de braços abertos, prestes a saltar do parapeito, enquanto um narrador em off discorre sobre os mistérios da existência humana e a inutilidade das pessoas buscarem respostas. Aí o jovem dá um passo à frente e... prepare-se para não desgrudar mais os olhos da tela por 50 minutos e esmurrar a parede porque o próximo episódio ainda não chegou. Dharma Initiative? Números místicos? Escotilhas? Pau no cu dessas séries enganadoras, a mais emocionante de todas no gênero mistério / ficção acabou de estrear!

A premissa é simples: ao redor do mundo, diversas pessoas normais como eu e você começam a descobrir que têm um passo a mais na escala evolutiva e desenvolver super-poderes. Enquanto isso, o filho de um professor morto que pesquisava e tentava localizar estas pessoas tenta buscar uma resposta para a morte do pai e continuar seu trabalho. Some isso a uma tragédia nuclear na iminência de acontecer, um serial killer à solta e a interligação inevitável entre as vidas dos nossos "heróis" e você tem o ingrediente certo para a próxima mania da TV a cabo.

Com uma temática que agrada tanto aos fãs de séries misteriosas e sombrias quanto aos nerds de quadrinhos (vocês estão lendo as palavras de alguém que se encaixa em ambas as classes), tem tudo pra ser um sucesso. E cada um dos personagens é tão interessante que poderia muito bem suscitar um spin-off, como bem disse o Nix . A cheerleader com fator de cura, o japa viajante do tempo, a webstripper com a metade má, o pintor vidente, todos personagens complexos e intrigantes, de que a gente quer saber muito mais do que um bando de bobocas preso numa ilha sem-graça.

Quer um teaser? Veja o trailer:



Bom, meus super-poderes não precisam estar ativos para eu adivinhar que tem gente fazendo confusão. Já me vieram três pessoas diferentes que ouviram dizer que eu odiei o show do Yeah Yeah Yeahs e que era uma merda. Pera lá, eu nunca disse isso. O que acontece é que eu mencionei decepção. Porque foi minha a princípio e porque tem gente demais hypando essa banda. Naquele show do Reading, eu já estava preparado para ouvir a Karen O cantando pra dentro e sem um pingo de voz decente. Isso quando vários vídeos ao vivo previamente assistidos me davam a mesma noção. Eu só não imaginava que, fora esse detalhe, o resto do show fosse tanta pose teatral e parecesse uma dancinha ensaiada pra mostrar a sua "presença de palco" (muitas aspas) e seu "carisma" (milhões de aspas). Ok, pode ser que num palco pequeno, como o do TIM Festival, funcione, mas eu não vou pagar pra ver.

Quando tive o prazer de ver o Kaiser Chiefs logo em seguida, aí mesmo é que esqueci o que tinha vindo antes. O álbum inteiro, quatro músicas novas (só uma delas com o "Whooooooah" característico e já enjoativo), um show de verdade, não um sarau de escola de arte. Seja bradando pelo corinho do público aqui e ali, fazendo dueto com Ryan Jarman (The Cribs) em "Modern Way" enquanto a chuva despencava ou encerrando com uma brilhante execução de "Oh My God" com "ola" mexicana e tudo, as imensas iniciais "KC" no fundo do palco resumem bem o que foi a grandiosidade do segundo melhor show do festival.

Toca pro palquinho pra pegar mais um showzinho dos Twilight Singers. Que foi exatamente o mesmo do Pukkelpop, mostrando que eu não perdi muita coisa por ter partido mais cedo. Única banda do festival que não aproveitou todo o tempo que tinha à disposição, encerrando o set em curtos 35 minutos. Pena. Entre ver o Franz debaixo de chuva e o Primal Scream na tenda coberta, não titubeei: chega de me molhar. Mal deu pra entrar na tenda lotada, no entanto, aos primeiros acordes de "Movin' On Up". E "move on" foi exatamente o que fiz após 5 minutos, quando a chuva deu um descanso. Toca é pra Londres agora.

Muita coisa sinistra hoje? Veja só este clipe então, com um "ator" meio familiar pra alguns de vocês:



Um dia eu conto sobre isso.

De amanhã até segunda estarei em Sampa. Funhouse na sexta, Belfiore no sábado. De resto, sei lá o que me aguarda. Hoje tem a estréia do Club Hype , a nova festa do Luciano na Fosfo, daqui a pouquinho, com o Lúcio tocando de convidado e show do John Candy. No dia 25, este que vos escreve estará lá de DJ, com show do Cooper Cobras. Até.

sexta-feira, outubro 06, 2006

A LIFE LESS ORDINARY

Quinta-feira, duas da manhã. Silêncio quase absoluto em Botafogo. Gotas de condensação do ar-condicionado do apartamento de cima pingam incessantemente no parapeito de minha janela, cuja vista para o Morro Dona Marta me permite ouvir os tiros esparsos que ecoam a cada 10 segundos. Mandíbulas doem de tanto rir com a primeira temporada de Robot Chicken.

Ok, o parágrafo é um amontoado de clichês de início de roteiro / texto / livro, mas a concentração de eventos no mesmo horário, quando comecei a escrever esta atualização tardia, é verídica. Cheguei hoje ao fim do Festival, fim da minha paciência para filmes, por enquanto. Saldo? Positivo, sempre. Decepções? Poucas. Um Top 5 dos filmes de que realmente gostei:

1 - EL LABERINTO DEL FAUNO - O genial filme do Guillermo Del Toro, de volta à Espanha franquista (mesmo período de A Espinha do Diabo, embora a Guerra Civil aqui já tenha terminado) depois de realizar Blade 2 e Hellboy, comprova que manda bem mesmo em sua língua natal (ele é mexicano). Misturando fantasia e suspense, com boas doses de violência, conta a história da menina Ofélia, que se vê obrigada a conviver com a mãe em meio a militares inescrupulosos e se refugia na aventura orientada por criaturas mágicas, com uma revelação surpreendente, que pode levá-la a uma outra vida. Impossível piscar os olhos.

2 - CLERKS II - Já falei aqui, não posso deixar de enfatizar: melhor filme de Kevin Smith desde Procura-se Amy. Vale mil risadas.

3 - THE HOST - Novo filme do coreano Joon-Ho Bong, que dirigiu o ótimo Memories Of Murder, com o mesmo ator principal (que também estreou o Sympathy For Mr. Vengeance, do Park Chan-Wook), conta a história de um monstro mutante surgido de dejetos químicos que habita as águas do Rio Han e aterroriza a população local. Efeitos visuais ótimos, uma fotografia e direção estilizadas ao extremo, prende do começo ao fim, misturando drama, ficção, suspense e comédia, um bom exemplo de como o cinema coreano vem se destacando com qualidade entre seus parceiros no Oriente. Várias sátiras políticas também à sociedade coreana e à visão da mídia (principalmente a americana) nas situações supostamente endêmicas. Assista ontem.

4 - C.R.A.Z.Y. - Tirando o momento Diários de Motocicleta na segunda metade do filme (tedioso e desnecessário), uma ótima "dramédia" familiar, focalizando na criação e amadurecimento do divertido Zac, um dentre 5 irmãos (as iniciais do título) que descobre ser diferente, no sentido de não se adaptar aos padrões que sua família tenta lhe impor. Trilha sonora pop vai agradar os fãs referenciais.

5 - PEQUENA MISS SUNSHINE - O final é bobo e mal-ajambrado, mas de resto, é um delicioso mini- "road movie" de uma família disfuncional tentando fazer com que a pequena Olive participe de um concurso de miss na Califórnia e lidando com mil problemas no caminho. Todos os atores estão ótimos, principalmente Alan Arkin e Steve Carell. Prepare-se para boas risadas.

Minha maior decepção no festival foi justamente o filme que eu mais aguardava: Dália Negra. É impressionante como De Palma conseguiu cagar com mais um livro que amo. Eu poderia passar três páginas apontando todos os erros do filme, mas há duas coisas imperdoáveis, que abalam toda a estrutura do roteiro:

a) FOCO - No livro, tudo gira em torno da Dália. Os personagens se vêem aprisionados na solução do caso, todos os detetives ficam obcecados emocional e profissionalmente com Betty Short (Bleichert chega a ter visões transando com ela) e ela assombra e fascina todos que a pesquisam, como fez com o autor James Ellroy e a mim, quando estive em L.A. No filme, ela é apenas um cadáver, mero fio condutor de uma história que passa à sua tangente;

b) COERÊNCIA - É impossível sintetizar em um filme de duas horas a quantidade de enredos e informações do romance, cheio de pistas falsas, sub-tramas e desdobramentos. A primeira metade do filme é apenas OK, tem o clima noir que o cinema pede e até elabora uma solução criativa (em uma seqüência de tirar o fôlego, com citação a Os Intocáveis, do próprio De Palma) para o núcleo de Tijuana do livro e o sumiço de Blanchard. Mas da metade pro fim, a tentativa do roteirista de ser fiel à obra cortando nas partes erradas, como alguém que tenta enfiar uma deliciosa torta de frango com cogumelos numa fôrma de empada, transformou o enredo na Casa Da Mãe Joana, numa conclusão teatral ridícula, um momento Carrie, A Estranha desnecessário e, nas palavras do próprio Ellroy, "deixou o filme incompreensível". Prepare-se para várias sobrancelhas levantadas. Lamentável.

Bons, dos demais, vale a pena conferir: Uma Verdade Inconveniente, A Scanner Darkly, Caminho Para Guantánamo, Fast Food Nation, Torres Gêmeas, The Wicker Man.

Passe longe: A Ponte, Destricted, Irmão Padre, Irmã Puta.

Peguei ingresso e acabei não vendo: Volver, TV Junkie, Um Bom Ano, Babel e Fonte da Vida.

Pensa que acabou? Mais tarde tem mais. Hoje mesmo.
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