GIVE ME ALL THAT PEACE AND JOY IN YOUR MIND
Alguém lembra do post de 23/12/2002, o último sobre o Reading Festival?
Pois é, na preguiça suprema que acomete blogueiros (os não-inveterados) quando passa a breve ilusão de que era essencial ao conhecimento de todos aquilo que eles iriam postar, acabei nem falando da maioria dos shows a que assisti. Nem mesmo do melhor deles, que, por circunstâncias agravantes, acabou sendo o mais memorável de minha existência, mesmo tendo sido de uma banda que adoro, mas que nem sequer entra no meu Top 10.
Tô falando do Muse, claro, um típico caso de amor ou ódio.
É assim: concordo com o fato de que é um Radiohead circa The Bends, com um toque de metal melódico e uma boa dose de prog. Em qualquer música, a fórmula salta aos ouvidos (Maestro, uma nota!). E mesmo quando sai um novo álbum em que dizem "o Muse sabe se reinventar a cada lançamento", pra mim continua sendo a mesma coisa, com uma ou outra exceção (Stockholm Syndrome ou Supermassive Black Hole, por exemplo). Mas eu não consigo não achar foda. E basta assisti-los ao vivo, mesmo em DVD, pra constatar a competência, energia e presença de palco dos três. Até 2002, eu jamais os tinha visto, sequer em vídeo.
Já disse aqui também, lá nos primeiros posts, que em Reading fazia sol de manhã, chovia horrores no final da tarde e reinava o frio cruel de madrugada. Pois bem, nesse dia fatídico (sempre quis usar esta expressão) estava eu vestido com o manto sagrado...
INTERLÚDIO: Em todos os festivais a que vou, é tradição vestir a camisa do Mengão pelo menos um dia e bater foto de costas pro palco.
... após ter passado boa parte do dia assistindo a outros shows (até a um Libertines insosso, perdoe-me a redundância), com o Speedy, inclusive, que me encontrou por acaso na tenda. Tá, quantas pessoas passeam no site de um festival no interior da Inglaterra com a camisa do Flamengo? Foi fácil achar.
O Muse estava programado para entrar no palco principal logo depois do Ash, outra banda que adoro e de que também já assisti a dois shows. Assim, aproveitei que também queria vê-los para chegar mais à frente do público. No meio do show, as nuvens negras já cobriam o horizonte. Mal a banda saiu do palco, os primeiros pingos começaram a cair. Gigantescos. Pesados. E pior, gelados. Saquei a capa de chuva transparente da mochila e vesti. Aí despencou o temporal. O público já se amassava pra esperar a Musa chegar e os gritinhos das meninas com a chuva gelada e torrencial incomodavam, mas procurei não me mexer. A capa não cobria o rosto, logo, não fiquei imune à torrente gélida. O calor humano dos incautos ao meu redor não era suficiente, logo todos tremiam.
O palco escureceu e a multidão gritou. A chuva continuou. Os primeiros acordes do piano de New Born soaram em meio à água. Mais gritos. Ensurdecedores. Juro pra vocês, me senti numa final de campeonato. Deu arrepio. Quando o riff de guitarra entrou e o crescendo deu lugar à introdução rápida da música, ninguém mais estava no chão. Corpos molhados desafiavam a gravidade, gritavam, um só corpo pulando junto no temporal, as gotas d'água pareciam ricochetear na massa... pára, pára, pára, quanta viadagem!!!! Eu, hein, não levo jeito pra essas descrições.
Enfim, tudo o que antecedeu o show, a chuva, o frio, o aperto, só serviu para enfatizar ainda mais a catarse que foi ver apresentação tão impecável. Mesmo quando a tempestade parou de vez, lá pela quarta música, o público parecia pedir que caísse mais. Matt Bellamy, virtuose em guitarra e piano, tom perfeito de voz em cada canção, tem a platéia nas mãos e sabe perfeitamente disso. Seus parceiros de banda não são diferentes, como uma máquina funcionando a todo vapor. Um show como deve ser feito. Solos, fanfarra, luzes, telão, presepadas, falsetes, isqueiros acesos nos momentos climáticos e uma chuva de bolas gigantes cheias de confete, do palco no público, durante "Bliss", que encerrou o espetáculo. Precisa de mais?
Podem falar mal da banda à vontade. O sorriso no meu rosto logo depois, ao tomar café bem quentinho sentado na grama e enrolado no casaco sequinho, assistindo ao Jimmy Eat World no palco do meio, não me deixa dar ouvidos à oposição. Muse é sensacional. Melhor show do mundo.
Ah, claro, assisti de novo no V2004. Não teve tanto perrengue, mas também foi memorável. E, de novo, o melhor do festival.
No dia 26 tem mais uma vez e aí eu conto como foi a terceira. Mas no fundo eu já sei.
Só posto de Madri agora. Hasta la vista.
Alguém lembra do post de 23/12/2002, o último sobre o Reading Festival?
Pois é, na preguiça suprema que acomete blogueiros (os não-inveterados) quando passa a breve ilusão de que era essencial ao conhecimento de todos aquilo que eles iriam postar, acabei nem falando da maioria dos shows a que assisti. Nem mesmo do melhor deles, que, por circunstâncias agravantes, acabou sendo o mais memorável de minha existência, mesmo tendo sido de uma banda que adoro, mas que nem sequer entra no meu Top 10.
Tô falando do Muse, claro, um típico caso de amor ou ódio.
É assim: concordo com o fato de que é um Radiohead circa The Bends, com um toque de metal melódico e uma boa dose de prog. Em qualquer música, a fórmula salta aos ouvidos (Maestro, uma nota!). E mesmo quando sai um novo álbum em que dizem "o Muse sabe se reinventar a cada lançamento", pra mim continua sendo a mesma coisa, com uma ou outra exceção (Stockholm Syndrome ou Supermassive Black Hole, por exemplo). Mas eu não consigo não achar foda. E basta assisti-los ao vivo, mesmo em DVD, pra constatar a competência, energia e presença de palco dos três. Até 2002, eu jamais os tinha visto, sequer em vídeo.
Já disse aqui também, lá nos primeiros posts, que em Reading fazia sol de manhã, chovia horrores no final da tarde e reinava o frio cruel de madrugada. Pois bem, nesse dia fatídico (sempre quis usar esta expressão) estava eu vestido com o manto sagrado...
INTERLÚDIO: Em todos os festivais a que vou, é tradição vestir a camisa do Mengão pelo menos um dia e bater foto de costas pro palco.
... após ter passado boa parte do dia assistindo a outros shows (até a um Libertines insosso, perdoe-me a redundância), com o Speedy, inclusive, que me encontrou por acaso na tenda. Tá, quantas pessoas passeam no site de um festival no interior da Inglaterra com a camisa do Flamengo? Foi fácil achar.
O Muse estava programado para entrar no palco principal logo depois do Ash, outra banda que adoro e de que também já assisti a dois shows. Assim, aproveitei que também queria vê-los para chegar mais à frente do público. No meio do show, as nuvens negras já cobriam o horizonte. Mal a banda saiu do palco, os primeiros pingos começaram a cair. Gigantescos. Pesados. E pior, gelados. Saquei a capa de chuva transparente da mochila e vesti. Aí despencou o temporal. O público já se amassava pra esperar a Musa chegar e os gritinhos das meninas com a chuva gelada e torrencial incomodavam, mas procurei não me mexer. A capa não cobria o rosto, logo, não fiquei imune à torrente gélida. O calor humano dos incautos ao meu redor não era suficiente, logo todos tremiam.
O palco escureceu e a multidão gritou. A chuva continuou. Os primeiros acordes do piano de New Born soaram em meio à água. Mais gritos. Ensurdecedores. Juro pra vocês, me senti numa final de campeonato. Deu arrepio. Quando o riff de guitarra entrou e o crescendo deu lugar à introdução rápida da música, ninguém mais estava no chão. Corpos molhados desafiavam a gravidade, gritavam, um só corpo pulando junto no temporal, as gotas d'água pareciam ricochetear na massa... pára, pára, pára, quanta viadagem!!!! Eu, hein, não levo jeito pra essas descrições.
Enfim, tudo o que antecedeu o show, a chuva, o frio, o aperto, só serviu para enfatizar ainda mais a catarse que foi ver apresentação tão impecável. Mesmo quando a tempestade parou de vez, lá pela quarta música, o público parecia pedir que caísse mais. Matt Bellamy, virtuose em guitarra e piano, tom perfeito de voz em cada canção, tem a platéia nas mãos e sabe perfeitamente disso. Seus parceiros de banda não são diferentes, como uma máquina funcionando a todo vapor. Um show como deve ser feito. Solos, fanfarra, luzes, telão, presepadas, falsetes, isqueiros acesos nos momentos climáticos e uma chuva de bolas gigantes cheias de confete, do palco no público, durante "Bliss", que encerrou o espetáculo. Precisa de mais?
Podem falar mal da banda à vontade. O sorriso no meu rosto logo depois, ao tomar café bem quentinho sentado na grama e enrolado no casaco sequinho, assistindo ao Jimmy Eat World no palco do meio, não me deixa dar ouvidos à oposição. Muse é sensacional. Melhor show do mundo.
Ah, claro, assisti de novo no V2004. Não teve tanto perrengue, mas também foi memorável. E, de novo, o melhor do festival.
No dia 26 tem mais uma vez e aí eu conto como foi a terceira. Mas no fundo eu já sei.
Só posto de Madri agora. Hasta la vista.