terça-feira, setembro 26, 2006

AND THE SHOW GOES ON...

Esse festival já começa a me deixar de jet lag. Além da específica tarefa de assistir a filmes, tem as conversas de bar sobre os mesmos, as esperas nas filas, os papos de MSN, o Rio respira o hype cinéfilo. E eu durmo pouco. E será que a Rachel Weisz desta vez vem mesmo? Ano passado, o boato foi por conta de "O Jardineiro Fiel". Neste ano, seria para acompanhar o maridão Darren Aronofsky na sessão do Odeon de "The Fountain". Aguardemos ansiosamente para stalkear.

Quero escrever sobre música, mas os filmes não me deixam. Do besta "A Ponte" (o apelido extra-oficial é "Se Joga, Bi!"), passando pelo melodramático (mas bom) "Torres Gêmeas" e o pop e divertido "C.R.A.Z.Y.", tive ontem minha melhor sessão com o humor escrachado e doloroso (saí do cinema com as bolas doendo de tanto gargalhar) de Clerks II. Não vou estragar a graça aqui, mas é o melhor filme de Kevin Smith desde "Procura-se Amy". E nem precisava saber dos 8 minutos de ovação em Cannes, quem não morrer de rir ao assistir é porque já está morto. A cena da comparação entre "Star Wars" e "O Senhor dos Anéis" mereceu palmas dos espectadores e a homenagem a "A Última Festa de Solteiro" com o jumento foi sublime. Tá, não tem os "quotes" geniais do primeiro, mas não importa, tem outros de sobra pra usar e abusar.

Assista ontem. Quem perdeu, baixe já na internet. Como era legenda eletrônica, acho que não estréia tão cedo.

Quer testar seu humor? Veja então se consegue ficar sério assistindo a isso:



Clássico. Melhor do que toda a filmografia do Kiarostami, não? É, também acho. Até.

sexta-feira, setembro 22, 2006

A MAGIA DO CINEMA

Pois é, foi dada a largada. Começa hoje de verdade o Festival do Rio e, como sempre, me vejo levado pela turba de amigos entusiasmados a comprar um passaporte de 20 filmes. Distribuídos em duas semanas, não chega a ser um exagero, mas vamos aos fatos:
a) não chego nem perto de dar conta dos DVD's que comprei antes de viajar, somados aos que trouxe de viagem e das coisas que baixo diariamente ("Find Me Guilty" e "100 Escovadas...", por exemplo, que estão no festival, descansam no meu HD há dois meses);
b) não tenho o mínimo interesse em cinema iraniano, ficção científica mexicana tosca e velha ou em filmes brasileiros (salvo a curiosidade de ver o novo do Ivan Cardoso, o "Wood & Stock" e o "1972", pela temática);
c) dos orientais, vieram poucos que me atiçam a vontade;
d) vários filmes óbvios que poderiam ter vindo, como o "Brick" (FODA!), o "Art School Confidential" (novo do Terry Zwigoff e Daniel Clowes, mesma dupla do "Ghost World") , o "Maria Antonieta" da Sofia, o novo do Gondry e o "Awesome...", dos Beastie Boys, foram esnobados.

Assim sendo, acabei escolhendo aqueles de gente que já conheço, umas duas indicações da Rapha, minha consultora oficial cinematográfica, umas sessões de meia-noite, onde tem sempre bastante putaria, e estou cagando se vão entrar no circuito amanhã ou se nunca serão lançados. Meu tempo é precioso demais, se já vou gastá-lo com 20 filmes, que sejam cartas certas ou boas indicações (e nenhuma sinopse mala). Claro, se eu tivesse que escolher apenas um filme para assistir, seria o Dália Negra. Quem acompanhava meus diários internéticos pré-blog em 2001 pode se lembrar o porquê. Para quem não tinha esse privilégio (tortura??) , colarei aqui embaixo parte do texto da época. Eis então os escolhidos:

DÁLIA NEGRA - Diário de bordo Cali 2001: "... desde que cheguei, tenho ficado muito intrigado com este ambiente hollywoodiano, em que fama, sucesso, sexo, tragédia e morte têm fronteiras muito tênues e freqüentemente se interligam. Um exemplo notório foi o Crime da Black Dahlia, de mais de 50 anos atrás, o mais grotesco e famoso de L.A., nunca resolvido até hoje e do qual eu nunca tinha ouvido muitos detalhes, mas que me fascinou tremendamente nestes últimos dias. Os requintes de crueldade à la Jack , O Estripador aos quais a pobre vítima foi submetida são de apavorar, nao dá pra imaginar que alguém seja tão doente ou tenha tanto ódio de outrem para ter feito aquilo a uma pobre moca (entre outras coisas, ela foi cortada ao meio). Fotos, livros, artigos, estão espalhados em vários lugares da cidade, inclusive em uma salinha própria do já famoso Museu da Morte. E as investigações, conclusões erradas, suspeitos e detalhes da história da moça e seus namorados (como em quase toda história trágica em Hollywood) são dignos de filme de mistério. Inclusive, quem escreveu um livro a respeito foi o James Ellroy, um de meus escritores prediletos, que também escreveu "L.A. Confidential".

Pois é, eu visitei todos os lugares que tinham a ver com o crime, desde o terreno onde o corpo foi achado até o hotelzinho onde Liz Short morava. O fato de saber que Ellroy ficou obcecado com o caso, pois sua mãe também fôra morta em condições cruéis e sem solução até o presente dia, só incensou minha gana pela história. Trouxe um livro dos EUA no ano passado, "Black Dahlia Avenger", escrito pelo filho de um dos suspeitos, em que este confessa ter sido o pai o autor do crime. Detalhe que apesar de não haver reabertura do caso, o prefácio é do próprio Ellroy, que diz estar satisfeito com o que acha ser a resolução do assassinato.

Brian De Palma já conseguiu estragar um de meus livros preferidos, "A Fogueira das Vaidades". Vamos ver se ele não repete o erro e transforma este em mais um crime sem punição.

VOLVER - É Almodóvar, que não tem errado em seus últimos filmes. Nem precisa dizer nada, né?

A SCANNER DARKLY - Linklater, Philip K. Dick, rotoscopia. Mais chamativo, impossível.

TV JUNKIE - sessão de meia-noite e a sinopse me parece interessante.Vamos ver se ele consegue fazer algo no estilo de "Tarnation" (sem os dramas todos) ou se vai ser um saco.

A PONTE - Sim, eu quero ver gente se jogando da Golden Gate.

C.R.A.Z.Y. - Esse filme estava passando em Madri logo quando cheguei lá e já tive curiosidade de assistir a ele. Tem temática pop, faz gozação no título (cada letra é a inicial de um dos moleques protagonistas) e vem bem-cotado pelo Berna, outra das minhas fontes cinematográficas.

FONTE DA VIDA - Duas palavras: Rachel. Weisz.

THE HOST - É do Joon-Ho Bong, que dirigiu o ótimo "Memories Of Murder". O cinema coreano anda surpreendendo pela estilização e roteiros fascinantes. E é sobre um monstro mutante vindo de dejetos, quase um Spectreman 2006!!!

UM BOM ANO - Ridley Scott e Russell Crowe, vale conferir.

AS TORRES GÊMEAS - A grandiosidade dos efeitos no trailer e a premissa parecem extasiantes. Vamos ver se Oliver Stone conseguiu evitar a pieguice.

PEQUENA MISS SUNSHINE - Só com o trailer já dá pra sorrir neste filme-família, que estava anunciado em todos os países que visitei no mês passado. Parece ser um daqueles feel-good movies imperdíveis. E é do Jonathan Dayton e Valerie Farris, que dirigiram vários clipes fodas, como "Freak On A Leash", do Korn.

O CAMINHO PARA GUANTÁNAMO - Novo do Winterbottom (24-Hour Party People, Nine Songs), é sempre uma incógnita. O tema político parece atraente. Ganhou o Urso de Prata em Berlim 2006.

IRMÃO PADRE, IRMÃ PUTA - Mais uma sessão de meia-noite. Como não assistir com um título desses?

CLERKS II - Porque é Kevin Smith, porque são Randall e Dante novamente e porque eu quero mais 1.840 citações pro meu estoque de frases sensacionais.

BABEL - Só porque é o novo do Alejandro Iñárritu (Amores Perros e 21 Gramas), já que Brad Pitt e Cate Blanchett não me tiram de casa.

UMA VERDADE INCONVENIENTE - Muito bem-falado lá fora este documentário do Al Gore sobre o aquecimento global. E adoro documentários-denúncia. É um crime que tanta gente não tenha assistido a "The Corporation".

EL LABERINTO DEL FAUNO - Primeiro filme espanhol do Guillermo Del Toro depois da incursão hollywoodiana. Será que presta?

DESTRICTED - A Bizarre falou bem mal desta mistura de cinema e arte. Seriam "instalações" cinematográficas feitas por diretores semi-conhecidos. Tem o Gaspar Noé, tem Larry Clark, um cara batendo punheta no deserto em referência a Onan, outro se esfregando entre uma árvore e um trator até gozar, outro descabelando o palhaço com uma arma na boca de uma boneca inflável e vários jovens entrevistando uma puta. Claro, só escolhi por uma curiosidade mórbida de possivelmente ver outra merda à la "Johanna" (do último festival).

FAST FOOD NATION - Baseado naquele best-seller de sucesso, você sabe. Linklater de novo e mais denúncia.

OS INFILTRADOS - Scorsese, Jack Nicholson e DiCaprio. Policial. Tem que se ver.

Então é isso. Amanhã, se o cinema deixar, volto a falar do Reading.

quarta-feira, setembro 20, 2006

ALT.BINARIES.INTERLÚDIO

Uma pequena pausa nos relatos para discorrer sobre a última maravilha que fui descobrir tão tarde. Às vezes a gente passa dias tentando baixar arquivos em programas diferentes ou um tempo consideravelmente maior em busca de softwares que melhor se adaptem às nossas conexões e computadores tão díspares (comigo funcionam melhor o Soulseek para músicas, o E-Mule para vídeos e o Bit Torrent para filmes, shows e textos) e não aproveitamos opções mais rápidas, com um acervo infinitamente maior e sem restrições, só porque o uso e a interface são um pouco mais complicados. Eu tinha começado a considerar a EFNET e o mIrc, mas a quantidade de vírus disfarçados me assustou e era a linguagem mais feia de todas. O Direct Connect (DC) sempre foi coisa de nerd, o sistema de hubs é difícil, cheio de restrições (você é expulso de alguns se possuir arquivos temporários do Soulseek, por exemplo) e há muita panelinha.

Aderi então, há cerca de dois meses, à Usenet e suas centenas de newsgroups, principalmente os binaries. Bom, quem quiser saber detalhes e definições, tente na Wikipedia ou aqui.

Há grupos como o alt.binaries.mpeg.video.music onde passei a noite de ontem baixando vários shows dos festivais europeus do verão (Reading/Leeds, Lowlands, V2006, Pinkpop), alguns inteiros, como Muse, Dresden Dolls, Maximo Park, The Rakes, Boy Kill Boy, Feeder, Dead 60's, Pearl Jam, Kaiser Chiefs, The Cribs e muito mais, todos em formato de DVD. Isso sem contar os vídeos, especiais de TV e raridades. Há filmes raros em outros grupos de binários, de outros países, enfim, uma gama de opções que até pode existir na base de dados de outros sistemas, mas não com a velocidade e facilidade de acesso que consigo (minha conexão é de 4Mb, chego a 430 KBps).

Claro, não é de graça. É preciso se contratar um site para acessar os servidores (newsservers) e ter um software (newsreader) para se ler os arquivos de notícias ou acessar os binários. Do primeiro, eu escolhi o Giganews . Para o segundo, existem opções grátis na rede, mas eu preferi o NewsBin especial para Giganews, que você baixa no próprio site e pode utilizar por 10 dias sem limitações. Aí é só desinstalar, apagar os registros dele nos Dados de Aplicativos do Windows e reinstalar zerado.

Bom, mais tarde eu continuo essa pausa falando do Festival do Rio. Vou ali trabalhar, já volto.

terça-feira, setembro 19, 2006

SEM FALTA - PARTE 1

A caminhada da estação de Reading para o site do festival não é exatamente um pulo, leva de 15 a 30 minutos, dependendo do passo e da horda de festival-goers, campistas e desocupados indo, voltando ou simplesmente zanzando sem rumo. Mas é uma das mais divertidas. Depois de algum tempo, você consegue visualizá-la metro a metro. E fazer as mesmas paradas. As coisas nunca mudam ano após ano. As mesmas casinhas, os mesmos pubs e bares vendendo de latas de cerveja quente e galochas ao café da manhã nojento e gorduroso dos britânicos, os mesmos vendedores de camisetas de bandas Tabajaras nos mesmos pontos de venda. A fila enorme nos caixas eletrônicos do único posto de gasolina no caminho, os jovens fazendo bicos em entrega de promos (Cd’s de banda que jamais farão sucesso, adesivos, buttons e panfletos), sai da frente, já é quase meio-dia, quero chegar logo.


Não adianta, no primeiro dia, salvo quando se acampa lá ou se programa pra chegar BEM cedo, nunca dá pra se ver a primeira banda, até mesmo porque é imprevisível o tempo a se dispender na troca do ingresso pela pulseirinha. Razão pela qual nosso Reading 2006 começou à uma da tarde. Sem grandes expectativas, fui conferir a indicação do Luciano, os anglo-islandeses do Fields. É, não consegui ouvir o show inteiro, não ouvi o álbum e só conheço 2 músicas do MySpace, portanto, tudo o que posso dizer é que soou “fofo” demais pra uma da tarde. E qualquer auto-definição de banda que comece com “folk” já me dá comichão. Permaneci na tenda, queria ver o Long Blondes. Curioso, quando a mídia tenta forçar a barra pra criar uma "cena" em certa cidade ou região, tipo Seattle, espera-se que ao menos as bandas soem parecidas ou tenham as mesmas influências. Porra, os LB não têm nada a ver com os Arctic Monkeys, que também são de Sheffield. New Wave e pop nova-iorquino contra pós-punk britânico. Gostei. Vestem-se melhor do que tocam, mas o resultado é agradável.


Uma passadinha no Carling Stage pra ver o motivo de terem dito que o Scissors For Lefty era enjoadinho e, após 10 minutos, a constatação de que "enjoadinho" era bondade, eles eram um saco mesmo! De repente me vi no palco principal pra conferir porque o Panic! At The Disco fazia tanto sucesso. Achei o álbum um cu e só uma música era mais ou menos, aquela com o título enorme, vocês sabem. The Only Difference alguma coisa. Que foi justamente a que começou o show. Ainda estava tentando descobrir o que tinha me dado na cabeça quando o vocalista da banda também teve a mesma dúvida, já que foi atingido por uma garrafada e desmaiou na metade da música. Comoção geral, mas ele se levantou e continuou o show. Segundo alguns, chorando. Nada de mais, Belle & Sebastian vem baseando toda a sua ridícula carreira mala na filosofia "mamãe, acabou o meu Quik" (copyright by Allan Sieber). Não repetiu a música, no entanto. Mais 5 minutos e eu deduzi que o sucesso deles se devia a lobotomia adolescente.

Um pulo no Field Music, banda de Sunderland (terra dos Futureheads), mais uma dica do Luciano, com o adendo "você não vai gostar, a Uncut descreveu-os como uma mistura de Wire com Beach Boys". Duas músicas show adentro e eu implorava por um arame (wire) pra enfiar nos ouvidos. Fui ver o Gogol Bordello então, que soava mais divertido. Nossa, confusão total, enquanto o público se espremia. E eu achava que seria o Mamonas Assassinas ucraniano, mesmo tendo dado boas risadas com o "Gipsy Punks" e o "Uma Vida Iluminada" e Sammy Davis Jr.Jr. Que nada, puta presença de palco e fúria punk. Vi-me no meio do mosh pit em "Sally" e decidi vazar dali e assistir mais do canto, ainda mais depois da música seguinte. Vai que eles levam a sério o "In ze old times, it was not a crrrime"...

Continuando a energia punk descerebrada, nada como assistir a mais um pseudo-Nirvana como o The Vines, o The Subways. Legal, tem umas três músicas grudentas que botam o público pra pular, mas eu acho que não sobrevivem a mais um álbum. Esticar "Rock n' Roll Queen" por quase 10 minutos é típico sinal de "não temos mais hits". Mas foi o antídoto perfeito ir em seguida assistir em seqüência a duas bandas em processo de ebulição, do underground ao mainstream, no palco menor: Little Man Tate e The Sunshine Underground. A primeira soa idêntica aos Arctic Monkeys, mas parece mais segura de si. "House Party At Boothy's" e mais tantas outras foram urradas pela platéia ensandecida, num claro aviso de que eles vão estourar em breve. Mas eu prefiro o Sunshine. Pelo som mais dançante, por soar como o Rapture menos esganiçado e por terem cometido "Put You In Your Place", uma música que tem tudo pra ser hit das pistas e foi também levada em uníssono com o público, como vocês podem conferir em um pedaço aqui:



Fui descansar um pouco da suadeira, comprar um picture-disc lindíssimo do single de "Supermassive Black Hole" na barraquinha de Cd's e tentar assistir aos Secret Machines sem dormir. Eu juro que realmente tentei, mas dei umas três pescadas depois de quase 20 minutos. E eles estavam na segunda música. Muito prog pro meu gosto.

Tá indo rápido pro fim do dia, né? por isso eu dou um intervalo aqui. Amanhã eu conto o quão nojento é um Yorkshire Pudding e porque muita gente vai se decepcionar com os Yeah Yeah Yeahs no TIM Festival.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Eu juro que não esqueci isto aqui. Semana difícil. Trabalho bombando, ingressos do TIM e passagens de avião pra comprar (Beastie Boys duas vezes!!!!!), show do Franz, visitas de amigos. Escrever ficou para segundo plano, afinal, ainda não consegui honrar a camisa de Drummond, funcionário público com louvor e poeta / cronista talentoso. Não sou nem um, nem outro. Por isso a demora. Bom, de volta à vaca fria hoje à noite, sem falta. O texto já está na metade, mas eu tenho T.O.C., sabe como é. Tsc.

segunda-feira, setembro 11, 2006

I THINK WE'RE GONNA MAKE IT

Domingão de sol e calor, espantando esse frio maldito que parecia me perseguir desde Dublin. Dia ótimo para praia, não? Er... não. Muito melhor ficar recluso, deliciando-me com a coletânea de singles do Feeder, com DVD. Feeder é um daqueles prazeres proibidos, aquela banda ultra-pop comercial com músicas grudentas e melodias decenais (o primeiro EP que tenho deles, lançado no Brasil pela Sum, "Swim", é de 1996) que seus amigos jamais acharão cool e os jornalistas nunca farão (como nunca fizeram) hype. Pergunte à banda se eles se importam. Com a legião de fãs leal e ardorosa, impossível.

Quando comprei o "Polythene" (97) na Galeria do Rock, era apenas mais uma banda dentre tantas outras a fazer o tipo de som que eu mais curtia nos anos 90, aquele rock americano com grandes riffs e refrões cantáveis. Tipo Smashing Pumpkins, Foo Fighters e Fountains of Wayne. A banda inglesa (com vocalista galês e baixista japonês) nunca fez britpop como seus conterrâneos, estava mais pra cartilha Hüsker Du - Pixies. Motivo do não-hype. Ouvi o "Yesterday Went Too Soon" e estavam se aprimorando. Mas quando o "Echo Park" saiu em 2001, como ignorar "Buck Rogers", esta gema pop-chiclete de 3 minutos que, não surpreendentemente, os fez estourar (e de que já falei aqui)? E ainda com músicas como "Seven Days In The Sun", cujo b-side, "Just A Day", acabou virando hit e teve que ser relançado como single (!!!). Daí pra figurar no grupo seleto entre as bandas que eu admirava foi um pulo.

Antes de continuar, 3:11 minutos para um dos melhores singles de power-pop ever:

Feeder - Buck Rogers


Não é uma banda que eu indicaria a qualquer um. Não é poseur, não é estilosa, faz o mesmo tipo de som há 10 anos, nem mesmo é original, mas é difícil explicar, você teria que gostar desde o começo pra ser da mesma forma. Teria que ter se chocado quando o baterista Jon Lee se enforcou em sua garagem com a corrente do cachorro. Teria que ter se emocionado em algum momento com o drama da banda então, como eu ao assistir a eles no Reading 2002, o primeiro show em festival após a morte de Jon. Teria que ter sorrido ao ver a volta por cima triunfal com "Comfort In Sound" (2003) e o clip entusiasmado de "Come Back Around", com as quatro meninas bateristas e as imagens que são a capa desta coletânea de singles. Teria que continuar gostando até hoje, mesmo com o tom mais meloso das músicas novas desses quase quarentões, a partir do "Pushing The Senses".

Eu ouço "Machina", dos Pumpkins, e vejo Feeder ali. Ouço "We Used To Be Friends", do Dandy Warhols, e rio com o plágio de "Day In Day Out", que a precede em 4 anos (veja aqui). Fico surpreso ao assistir a um filme russo (Nightwatch) e ver Feeder na trilha sonora. Foi pra vê-los pela segunda vez neste verão (a primeira foi no Pukkelpop, como já narrado) que abandonei o (péssimo) show do The Fall e ignorei solenemente o Clap Your Hands Say Yeah. Gratificante, rapazes.

Amanhã, sem falta: Reading. Enquanto isso, já te falei pra ouvir a nova "Lost And Found"? Já, eu sei. Não custa repetir.

sexta-feira, setembro 08, 2006

O SONHO ACABOU

Assim dizia o padeiro da esquina, às cinco da tarde. De volta à realidade, de volta ao trabalho (para o espanto de muitos, um servidor público que não enforcou o dia de hoje), mas ainda mantendo a promessa de continuar este diário até o último ocorrido na viagem, pelo menos. Depois, bom, vamos ver se sobra inspiração. Desde terça, malas desfeitas, compras arrumadas, caixinhas de CD e DVD compradas para repor as descartadas no trajeto e uma triste constatação: a minha idiotice amadora de gravar apenas um CD para cada conjunto de fotos salvo e deletado do cartão de memória (o que nunca havia feito antes, sempre queimei dois) me fez perder, por erro de leitura do CD, cerca de 100 fotos do Reading Festival, a maior parte do segundo dia. The Automatic, The Fall, The Cribs, Wolfmother, Futureheads, Feeder, Streets, Arctic Monkeys, Serena Maneesh, The Like, Giant Drag, tudo pro espaço. Na verdade, incialmente foram 240, mas a maioria eu consegui resgatar do cartão de memória com um software que recupera fotos deletadas. Estas, no entanto, não rolaram. Junte-se a isto mais 60 fotos diversas de niver de amiga minha e algumas de Barcelona que estavam no meu pen-drive inexplicavelmente defeituoso. Se alguém for a Dublin em breve, me avise, elas continuam no cybercafé, os caras não apagam.

Revendo algumas fotos, lembrei-me de um incidente patético que presenciei no V2006, em plena luz do dia, quando ia da tenda Union para a JJB/Puma. Obviamente, rolou aquela parada providencial no cantinho do cercado pra uma mijada básica. Atrás dos containers, no mesmo canto, as meninas também faziam seu banheiro improvisado, ao menos aquelas sem pudores de dividir espaço com rapazes ou acobertadas por seus namorados ou amigas. Eis que me viro, ainda em pleno ato mictório, e vejo uma cena singular: uma menina agachada na grama, obviamente mijando ou acabando de, com uma capa de chuva verde-musgo cobrindo o seu corpo e segurando em uma das mãos um balão em forma de cachorro. É isso mesmo que vocês leram. Bom, ela não se equilibrava direito, o que denunciava seu estado bastante alcoolizado. Em determinado momento, tentava subir sua calça com a única mão livre e o inesperado aconteceu: tombou para a frente, fazendo subir a capa de chuva pelas suas costas, o que cobriu sua cabeça e deixou expostos ao mundo seu traseiro não-bronzeado e suas partes pudendas, numa situação literalmente cabeluda. E assim travou. Não soltou o cachorrinho flutuante, e sua outra mão, presa pela capa, impediu-a de retornar à posição anterior. Ficou aquela bunda branca e tudo o mais pra cima, como se oferecidos a qualquer transeunte que quisesse ali fazer o que bem entendesse (e ainda leve um balão em formato de cachorro de brinde!). Já havia terminado e fiquei ali, atônito, perplexo, um pouco constrangido, sem saber se ria ou se oferecia ajuda. Mas como me dirigir a uma bunda sem rosto? Vazei. Não sei o que ocorreu depois, pobre criatura. Aliás, em outra ocasião, no Reading, eu juro que vi uma menina mijando de pé. E não era traveco.

Antes de prosseguir no relato, assistam ao We Are Scientists detonando "Nobody Move" no Pukkelpop. Só um minutinho, mas vale o tempo:



Bom, fim do V e o dia seguinte estava reservado para o que eu achava ser o começo de um período de descanso de 3 dias, após 4 seguidos de shows, em Amsterdam. Voltei calmamente de Wolverhampton para Londres, passei a tarde surfando na net e fui pra Luton pegar meu aviãozinho. Infelizmente, as medidas de segurança implantadas desde a prisão dos terroristas no começo do mês eram mais severas para aviões saindo de Londres do que chegando. Um só item de bagagem de mão, sem líquidos ou afins (nem mesmo pasta de dente, protetor labial ou desodorante) e outras restrições que me tomaram duas horas no check-in e quase me fizeram perder o avião, que, por sua vez, atrasou uma hora. Cheguei na Centraal Station às 23h, sem conhecer a cidade. No Flying Pig mesmo, ao lado do Vondelpark, só meia-noite. Só restava tomar um pint no bar do albergue e dormir.

Foi acordar cedo pra ir aos museus (a cidade é cheia deles) e ver a fila já enorme do Rijkmuseum e ler a notícia de que os dois principais (o Rijk e o Stedelijk) estavam em obras e só exibiriam parte selecionada de suas obras principais pra desistir de todos eles (só entrei no do Sexo e na Casa de Anne Frank) e passar minha curta estada lá passeando em lugares abertos. O que não é nada desagradável, já que a cidade é uma graça, mesmo com o frio, tempo meio ruim e o fato de que os canais são TODOS iguais e o centro fede à maconha. Além disso, Amsterdam inteira é uma loja. À exceção da margem dos canais, em qualquer canto tem comércio, seja comum ou loja de turistas (que infestavam tudo que é canto), eu não agüentava mais. Valeu pelo passeio de bicicleta, pelas paisagens, pelo simpático e trendy bairro de Jordaan, pela bizarrice das putas nas vitrines no Red Light District, pelo clima de permissividade em todos os lugares. Não me diverti muito à noite, não tinha nada de bom na Paradiso ou na Melkweg, as duas casas de show rock de lá, mas tudo bem, descansar era o principal.

Preparados para os relatos do Reading? Ah, sim. Mas antes, mais um videozinho, desta vez dos Editors tocando "Munich" no V2006:



A volta para Londres, na quinta, foi tumultuada pelo atraso da Easyjet que me fez perder quase duas horas de compras na Oxford Street, mas ao menos não houve tumulto no aeroporto. Fiquei num albergue lá perto mesmo para comprar bastante coisa na HMV e Virgin. E haja olho grande pra agüentar tanta oferta de singles em vinil. Como já dito, ainda vi o pocket-show do Hot Chip (bom, porque acabaria perdendo o show deles no Reading e não indo ao Electric Picnic) e marquei com o Luciano e a Clarisse de encontrá-los em West Kensington na manhã seguinte, quando iria me juntar a eles no Holiday Inn e partir rumo ao Reading. Foi o Lu que comprou os nossos ingressos. Para vocês terem noção, isso foi uma operação, lá pelos idos de março, que envolveu nós dois simultaneamente conectados na rede, tentando abrir o site (o servidor caía toda hora) e comprar 3 ingressos. Quem conseguisse avisava o outro. Ele deu sorte. O festival esgotou-se em uma hora. É, tem que ser assim.

Ah, tá. Amanhã eu continuo. Foi mal. Sou mau.


domingo, setembro 03, 2006

AMARGO REGRESSO

Eis que me encontro no ultimo dia de minha jornada, triste porque ja comeco a trabalhar no dia seguinte ao da minha chegada (terca-feira em terras cariocas, gracas a Deus), radiante pelo ultimo mes que parece ter sido um ano, de tanta coisa que fiz (e que mostra o quanto meu tempo eh mal-aproveitado no Brasil), ansioso pra ler, escutar, mostrar tudo o que comprei. Mais um longo dia a partir das 5:30 da manha, quando ja tenho que pegar o onibus para o aeroporto, depois Londres - Madri - Rio. Assim, eh uma incognita saber se este sera meu ultimo post em solo europeu. Vai depender das linhas aereas e seus costumeiros atrasos.

Depender da Ryanair eh mais ou menos como pedir pra um trombadinha dar uma olhada na sua carteira enquanto voce vai mijar. Acho que jamais comprarei uma passagem nela novamente. Tem a Easyjet, ne? Eh como o Insetisan, um pouco mais caro, ahhhhhhhh, mas eh muito melhor!!! Na minha viagem a Bruxelas, o pesadelo ja se pronunciou no embarque: a fila de pais com criancas pequenas, a entrar primeiro no aviao, tinha mais de trinta pessoas! Nao so isso, como as poltronas nao tinham bolsa na frente para documentos e nao reclinavam!!!!!! E o voo entao? Alem dos atrasos que chegaram a uma hora e meia (de Londres pra ca), o trajeto ate a aterrissagem (ou seja, voo manual e nao automatico) eh uma especie de bem-me-quer/mal-me-quer: asa esquerda, trem de aterrissagem, asa direita, trem, asa esquerda.. e por ai vai. Com sorte, aterrissa no trem.

Domingo de sol em Dublin, apesar do frio ainda constante. Junte-se o ocio e tedio de fim de viagem e minha vontade inexistente de percorrer o interior da Irlanda (fodam-se castelos e verde, eu nao quero mais tirar foto ou gastar), dia perfeito para descanso, ler algumas revistas que serao deixadas para tras e fazer piquenique no St. Stephen's Green. Brie, bagels, chips e mais experimentos com refrigerantes bizarros locais. Desta vez, um de maca, Cidona (nada a ver com o Muse). O ritual de preparacao para encarar essas misturas eh o mesmo do velho comercial do Teen. Teen era um refrigerante de limao que fazia time com o Crush (laranja) e o Mineirinho (xarope) e passava na TV, nos anos 80, um comercial em que um cauboi entrava no saloon em meio a uma tempestade de areia no deserto e pedia no balcao, para o espanto geral, um saco de batatas-fritas. Comecava a comer e a camera focalizava seus labios ja rachados e o sal voando das batatas mordidas. Realmente angustiante, dava secura so de pensar. Ai ele pedia um Teen e vinha aquela garrafa com gotas molhando a superficie, ultra-gelada, que ele virava de uma vez. Boa publicidade, sempre dava vontade de tomar um. Assim, eis-me a encarar um saco inteiro de salt and vinegar chips antes de tomar a maldita bebida. Porra, e nao eh que o negocio eh bom? Uma cidra sem alcool, mesmo depois que o sal se diluiu, continuou o gosto bom. Aprovado.

Ainda agora, um guarda de transito (a Garda local) encarnava o finado Margarida ao dar pulinhos de bicha louca quando um carro parou em cima da faixa. Eu, hein, mona, relaxa. Comprei mais tres numeros da Specialten, uma aparentemente otima revista britanica em forma de DVD, com entrevistas, videos musicais (Hot Chip, Zero 7, Beck, Test Icicles, Cat Power, entre outros) e curta-metragens. So vou saber mesmo quando chegar em casa, no entanto. E haja mala pra trazer isso tudo.

Essa sensacao de dia livre com tempo de sobra eh muito boa, e foi assim que acordei ha dois domingos, 20/08, para o segundo dia do V2006. Cheguei cedo ao site e ainda dei uma circulada para ver as camisetas das bandas. Hora de comecar a loteria pra ver quais bandas desconhecidas assistir. O programa do festival ajudou, evitei tudo o que dizia "lembra Coldplay". Ai fui conferir o Rushmore. Duas musicas de folk-rock e vazei. Nao fode. Cheguei a tempo de pegar umas tres musicas do The Milk Teeth. Legal, power-pop com influencia dos anos 50. Tem futuro. A banda seguinte, Director, foi otima tambem. Daqui de Dublin, pos-punk, soa um pouco como Interpol, mas como se fosse os Smiths, e nao Joy Division, a principal influencia. Eles vao abrir pro Maximo Park mes que vem, aqui.

Dei um pulo na tenda JJB/Puma pra conferir o Phoenix, boa banda francesa. Mas quem ouviu o remix "25 Hours a Day" para "Long Distance Call" viu que eh melhor do que a original. O Pure Reason Revolution ainda estava tocando, deu pra pegar duas musicas do final. Dificil definir o som da banda, tem elementos de prog e psicodelia, com uma pegada grunge na guitarra. E fiquei sabendo que o Phoenix cancelou a apresentacao. Merda. Voltei pro palco do meio para ver o fim do Biffy Clyro. Ja os tinha visto no Reading 2002 e o som nao mudou nada, um hardcore melodico (nao confundir com emo) eficiente e pegajoso. Meia hora para comer um kebab e me preparar para a primeira grande espera do dia.

Claro, estou falando do Kula Shaker. Nao que eles sejam exatamente relevantes agora, mas eh algo curioso ver uma banda sobre a qual voce costumava ler muito ha 10 anos, antes de sequer imaginar que estaria vendo festivais no estrangeiro no futuro. E esta banda sumiu sem voce te-la visto e eis que volta do fundo do poco (frase utilizada pelo Crispin Mills ao abrir o show). Se sumiu pela fraca presenca do "Peasant, Pigs and Astronauts" ou se pelas declaracoes infelizes de cunho nazista de Crispian, nao se sabe, mas quando o show comeca com "Hey Dude", perdoa-se o ostracismo e todo mundo comeca a pular. A banda mostra seu rock setentista com pitadas de musica indiana por apenas 45 minutos, mas a nova "Dictator of The Free World" e "Tattva", cantada em coro, demonstram que a banda ainda mantem seu publico e bota muito estreante no saco. Valeu, valeu. Mas eu queria ter ouvido "Smart Dogs".

Um pequeno descanso e comeca o show do Orson. Curioso, em estudio eu tinha achado a banda legal, mas ao vivo parece coisa de mulherzinha, tipo Keane ou The Kooks. Nao sei o que pensar, mas eu comecei a encher o saco daquele som. Parti pra tenda Union pra esperar os Young Knives. O sucesso repentino do single da banda eh tao grande que pouco apos sentar no chao pra esperar o show, os segurancas fecharam a tenda, proibindo a entrada de mais gente. Quando comecou, no entanto, apesar dos aplausos, pouca gente comprou o pos-punk esquisito e estridente do trio de verdade. "Weekends And Bleak Days" eh uma daquelas musicas que sobressaem tanto num album que o resto chega a ser meia-boca. E salvo quando eles a tocaram, para urros gerais, a recepcao foi morna na execucao das musicas, com aplausos e gritos de reconhecimento ao final de cada uma, mas sem a mesma empolgacao. Banda pra palco pequeno.

Corrida para o palco principal, pois em dez minutos, comecaria o show do Bloc Party. Espremido no meio da galera, acabei pegando um pouco da unica chuva que cairia naquele dia (felizmente). Mas um pouco a toa, ja que, tirando a primeira musica, "Welcome To The 718", eles basearam o show no primeiro album. Fiquei um pouco desapontado. Festival eh faca de dois gumes: ou a banda joga pro publico ou mostra material novo. Eles resolveram agradar as massas. Ja tinha visto dois shows deles, queria ouvir as novas ao vivo. Mas nao se pode reclamar muito quando a energia de "Two More Years" e "Helicopter" coloca todo mundo pra tirar os pes do chao. Preferia um palco menor, no entanto.

De volta ao palco do Channel 4 pra ver de novo o We Are Scientists. Os Cardigans estavam terminado de tocar e foi anunciado que um dos integrantes dos Ordinary Boys tinha sido hospitalizado e a banda nao se apresentaria mais. A principio, nao gostei, porque queria dar uma conferida no show e ver ate que ponto o sucesso do Preston na Casa dos Artistas local afetou a banda. Mas este cancelamento acabou por dar mais tempo para as duas bandas seguintes, o W.A.S. e o Editors. A primeira faria um show maior e a segunda teria mais tempo para arrumar o palco. Acabaria por influenciar e muito na diversao do publico.

Barulho de motos e entram Keith, Chris e Michael de capacete, "pilotando" tres pequenos triciclos, com casacos iguais, meio que um uniforme (Beastie Boys, alguem?) . Comecam de novo com "Lousy Reputation", mas a agitacao e empurra-empurra aqui sao bem maiores do que no Pukkelpop. Desta vez tocam todo o album, tres musicas novas e"This Means War" de novo (o Keith zoa a plateia porque eles acabaram de vibrar com um lado-B e da risada). O show alongado da margem a piadas por parte de todos, espirituosos que sao. Nao acredita? Veja o website deles. E os videos, principalmente a primeira versao de "It's a Hit". Chris sugere que cada um suba no ombro da pessoa a sua frente, assim se formara uma grande parede e todo mundo vera o show da primeira fila. Duh. Keith agradece aos Editors por terem emprestado as guitarras e diz que por isso o show sera 25% melhor. E diz em seguida que o palco em que estao seria o melhor do festival se o Bloc Party nao estivesse no palco principal. Ai emenda dizendo que vai corrigir isso e chama Russell do BP pra tocar guitarra em "Nobody Move". A multidao vai ao delirio. Depois eu coloco o videozinho aqui. A banda encerra com "The Great Escape" e sai de novo em seus triciclos, ao som de motos possantes. Otimo show, melhor do que o do Pukkelpop, mostra que a banda vai longe com esse carisma.

O ceu ja esta completamente azul, espantando de vez a chuva, mas vai anoitecendo e alguns DJ`s colocam som para preencher o resto do tempo deixado pelos Ordinary Boys, enquanto arruma-se o palco para o proximo show. Um painel enorme com lampadas incandescentes gigantescas ocupa o fundo do palco, o prenuncio do que seria o melhor espetaculo do festival, o dos Editors. Talvez influenciado pelo fato de a banda ser da regiao (Birmingham eh ao lado de Staffordshire), o publico eh feroz na reacao as musicas. Comecando com "Someone Says" e desfiando todo o conteudo do "The Back Room", foi a primeira apresentacao do V em que vi uma banda dar tudo de si, como se a musica nao fosse o suficiente, principalmente nas caras, bocas e contorcionismos de seu vocalista Tom Smith, numa performance que beira o emo. Foge do caricato somente porque passa a impressao de que a banda realmente acredita no proprio talento, aqui justificado do primeiro ao ultimo urro da plateia. Eh nesse ponto que uma banda se supera e foi isso o que o Editors fez. No momento final do show, convidou os caras do W.A.S. para fazerem o corinho de "follow me, don't follow me" na cover de "Orange Crush", do R.E.M.. E encerraram gloriosamente com "Fingers In The Factories", uma das melhores do album. Memoravel.

Como ja havia dito, ver o Radiohead mais uma vez, dois dias depois, estava longe dos meus planos. Quem sabe da proxima vez. Ficou com o Kasabian entao a responsabilidade de fechar bem a minha noite. Seria o quarto show deles a que assistiria, o primeiro com as musicas do novo album, "Empire". Desde quando baixei os primeiros singles e os vi abrindo o V2004, ao meio-dia (isso mesmo!!), sabia que eles seriam grandes, como ate disse no meu finado flog. E eis que, com toda a pompa e auto-confianca que colocariam o Oasis no jardim de infancia, vem mostrar porque sao headliners e, ao mesmo tempo, amados por muitos e odiado por tantos. Pra terem uma ideia de como algumas pessoas veem mal o Kasabian, durante o show do Art Brut, quando Eddie Argos cita nomes de bandas em "Top Of The Pops", eh depois do nome deles que vem as vaias.

Tom Meighan aparentemente esta cagando para os detratores, como prova ao entrar empunhando o microfone como um rei e seu cetro, na abertura com a nova "Shoot The Runner". Em seguida, "Reason Is Treason". Nao preciso dizer que fui esmagado de todas as formas possiveis, na minha insistencia em assistir da frente. Paciencia, fiquei de cara vendo a banda detonar seus principais hits, junto com as otimas musicas do novo album, assumindo de vez que querem ser o Primal Scream circa "XTRMNTR". Fodaco. Quem duvida ainda que eles vao dominar as paradas deveria ouvir o publico saindo feliz depois do show, ainda a cantarolar o "laaaaa la la" do fim de "L.S.F.", que fechou o bis. Na saida, ainda tive a felicidade, so pra fechar o circulo, de presenciar, no palco principal, o Radiohead tocando "Creep", que tinha ficado de fora no Pukkelpop. Final perfeito.

Viagem perfeita, apesar dos importunos e imprevistos. Posso estar enganado, mas acho que so posto do Rio.

See ya then. Vou dormir cedo. Nada de balada.

sábado, setembro 02, 2006

NO BATTERY POWER REMAINS. PLEASE CONNECT BYRON TO POWER.

A preguica e o cansaco imperam. A molecada emo-gothz povoa os arredores aqui da area neste final de tarde de sabado, enquanto eu luto pra manter os olhos abertos. Nao esta dando pra me concentrar. A noite de ontem foi sinistra e a visita a fabrica da Guinness hoje, com degustacao, nao ajudou. Mais tarde eu atualizo isto aqui decentemente.

Por enquanto, mais dois videos curtos e toscos da minha camera:

a) Hot Chip tocando "Over And Over" no pocket-show da HMV Oxford St.:



b) Kaiser Chiefs fazendo o segundo melhor show do Reading Festival, numa turbulenta (perceba o tremor das imagens) execucao de "I Predict A Riot". And they were right!:



De hoje nao passa. Prometo.

sexta-feira, setembro 01, 2006

VIDEO II

Mais um do Reading, o Maximo Park encerrando o festival com "Postcard Of a Painting". Quase morri esmagado na grade, mas foi fantastico tambem:



Bom, hoje nao tem atualizacao de texto. Fica pra amanha o segundo dia do V2006. Fui assistir ao Severance no cinema, thriller ingles com pitadas de humor negro, tipo o Shaun Of The Dead. Bom como suspense, da pra tirar umas risadas tambem. Nao sei se estreia no Brasil, por isso preferi assisti-lo ao Snakes... ou The Wicker Man.

Amanha eu escrevo. Palavra de zumbi.
VIDEO

Uma parte de Supermassive Black Hole, do Muse, no Reading Festival. Melhor show do festival, melhor banda de rock ao vivo do Universo.

Perdoem minhas imagens de cinegrafista amador.

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