Ah, Rihanna, que falta voce me fez no domingo...
Ordem na casa. Motores a pleno vapor, direto de Philadelphia, berco da independencia americana, terra dos quakers (os mesmos da aveia, isso ai), na iminencia do show dos Beastie Boys no Festival Pier, isso depois de ter visto dois shows do 311 nas ultimas noites. Olha... bom, deixa pra mais tarde, o tempo urge.
Mais de 96 horas passadas e minhas condicoes fisicas ja estao deploraveis. Depois de um sabado inteiro batendo perna, sozinho e com a Jo, e consumindo desenfreadamente em lojas, cheguei ao hotel andando feito um cowboy. Motivo: patetico dizer isso, mas fiquei assado. Foi tanto talco que tive que colocar entre as pernas para poder sair que se alguma solicita incauta resolvesse cair de boca, sairia com a cara da Bozolina. Mas e la fomos nos a McCarren Park Pool, no Brooklyn ver o Sonic Youth, na serie de concertos Don't Look Back, que leva diversas bandas a revisitarem os seus breakthrough albuns (O Girls Against Boys, por exemplo, toca o Venus Luxure No. 1 Baby, que eu considero longe de ser o verdadeiro breaktrough). Neste sabado, pudemos presenciar o Daydream Nation em sequencia.
Assistir a uma banda tocar em casa, aquela banda de garagem que voce conheceu quando jovem, ou mesmo nem tinha idade para isso, mas cansou de ouvir os mais velhos dizendo "ah, eu os vi uma vez num quartinho tocando para 20 pessoas", isso levando-se em consideracao que a tal banda foi fundamental na criacao de toda uma cultura (indie) que reverberou pelo mundo inteiro, eh uma sensacao que poucos podem descrever. E quando a tal banda tambem se sente tao a vontade tocando em casa, da mesma forma, eh como se fosse uma reuniao familiar. No caso do Sonic Youth, com os filhos barulhentos, suas guitarras, como atracao principal. Isso porque a Coco, filha do Thurston e da Kim, ja com 13 anos, hoje tem ate banda e participou do video do Dinosaur Jr. com o pai coruja, que ate a reunioes de colegio vai frequentemente.
O que foi sugerido em Sister consolidou-se de fato no Daydream Nation, que fez a ponte perfeita entre o post-punk e o rock avant-garde, onde a virulencia do punk caminhava ao lado de experimentacoes tipicas do jazz e do progressivo. Fazendo do barulho da microfonia e da dissonancia suas armas, a banda viria a influenciar os estilos mais dispares possiveis, do rock alternativo do inicio dos anos 90 ate o post-rock de bandas como Mogwai e Tortoise. Mas chega de elucubracao.
Quase perdi o show, chegando no local no exato momento em que os primeiros acordes de "Teenage Riot" soavam no ar. Perfeito, afinal, nao poderia haver atrasos grandes, ja que eh lei local nenhum site de show publico poder operar apos as 22h. O album foi tocado na sequencia, conforme anunciado. E minha impressao foi bem melhor do que ouvir o album em estudio.
O que mais chama a atencao eh como a banda envelheceu pouco nestes quase 20 anos do lancamento do album (de 1988). Nao, nao me refiro a aparencia fisica, mas a tecnica e, especialmente aqui, a empolgacao da banda em resgatar sons daquela epoca, como se tivessem acabado de ensaiar as musicas. E eh notavel como foram ensaiadas nos minimos detalhes. Nao saberia dizer porque achei o show melhor do que o album, talvez porque o Sonic Youth eh o tipo da banda pra se ver ao vivo, como todas as que abusam da virtuosidade. E desta vez foram impecaveis.
Seja balancando a cabeca como um jovem punk, dedilhando sua guitarra em "Candle" ou empunhando uma baqueta para arrancar distorcoes em "Eric's Trip", Thurston parecia bem a vontade. Isso ao lado de Steve Shelley moendo a batera (copyright by Daileon), no ritmo de "Silver Rocket", Kim Gordon alternando a pose vixen sensual com a menininha meiga de vestidinho listrado, Lee Ranaldo... bom, Lee nao se mexia.
A banda chegou a afirmar, ao voltar para o bis (Thurston, com um salto tipico de frat boy bebado) e mandar varias musicas, basicamente do ultimo album, o otimo "Rather Ripped", comecando com "Incinerate", que tocaria a noite inteira, nao fosse a proibicao legal. Malditas leis. Mas valeu a noite. Imagino a pequena Coco assistindo ao lado do palco, pulando feliz e gritando para quem quisesse ouvir: "Meus pais nao sao o maximo?"
Sao sim, Coco, sao sim.
Ainda encontrei com o Melvin na saida, com os amigos. Apos um jantar no italiano, dirigimo-nos ao encontro de amigas no Joshua Tree bar, de onde saimos as 4 da manha quase cantando " I still Haven't Found What I'm Looking For".
Bom, depois falo sobre os ultimos dois dias. Acompanhe o Melvin no seu blog (link ai ao lado) dando mais noticias de NYC e quando eu estiver menos frenetico, volto.
Dica: Gosta de Sonic Youth? Ja ouviu o Battles, banda nova do John Stanier, do Helmet? Seu tempo tocando com o Tomahawk, ao lado de Mike Patton, deve te-lo deixado perturbado. Ao lado de, entre outros, o multi-instrumentista Tyondai Braxton, o Battles faz um som altamente experimental e viajante, mas nao por isso menos ritmico e incrivel. Abusando do jazz-fusion e ate mesmo do prog e eletronico, o album perfeito pra se ouvir doido, seja de drogas ou outras substancias. Ouca "Atlas", uma musica que soa como se os smurfs fossem robos passeando na floresta com muito LSD na ideia. Sensacional. Eh serio, baixe agora.
Enquanto isso, da uma olhada aqui embaixo no motivo pelo qual esta eh a viagem da minha vida: