sexta-feira, novembro 30, 2007

FRASES DA SEMANA

Antes que eu me esqueça.

"Todas as mulheres são loucas e todos os homens são bobos".

- Alexandre Nix, blogueiro frenético

"Esta está sendo a melhor menstruação da minha vida".

- Ana C., surtada... e menstruada

"Eu tenho manias normais, tipo, cada flyer que eu recebo eu faço um barquinho".

- Júlia Resende, auto-proclamada workaholic e pseudo-intelectual

"Eu não vou amanhã (hoje) ao aniversário da Funhouse. Vai ser no Clube Inferno. Eu sou católico, não entro em um lugar com esse nome. Já pensou eu ligando pra minha mãe? 'Mãe, tô no Inferno!!'"

- Rogério Real, DJ, mandando a real

"Por que diabos você ligaria pra sua mãe de madrugada só pra dizer onde está? Ai, desculpa, falei 'diabos'".

- Carlos André Cruz, fiscal da Receita, respondendo a Rogério Real e precisando de remédios

quarta-feira, novembro 28, 2007

O DIA EM QUE EU TENTEI VIVER



Eu não ando com o mínimo saco para escrever nos últimos dias. Fazer relatórios pro trabalho me tira a vontade de ter que criar outros textos por aqui. A título de terapia, então (existe mais um motivo para eu ter um blog?), eis a obsessão que me consome há uma semana: o show do Chris Cornell, dia 12/12, no Citibank Hall.

Lá pelos meus 20 anos, no começo dos anos 90 - 1992, se não me engano - eu me lembro de estar sentado na sala com amigos meus e do meu irmão, após uma "jam session" em minha casa (ou seja, barulheira infernal sem o mínimo de talento), quando discutíamos sobre que tipo de som tocar, se o metal que vinhamos ouvindo (Iron Maiden e Megadeth), funk metal (RHCP e Faith No More) ou rock dos anos 80. O punk passou batido em Campo Grande, até hoje não engulo. Eis que surge o Nirvana tocando "Smells Like Teen Spirit" na MTV. Desconhecido, até então. Dei um pulo do sofá e disse: "Porra, é isso aí!" Em seguida, vieram clipes de Alice In Chains e Pearl Jam. Para todos, hoje, isso pode soar clichê e previsível, mas na época, ninguém conhecia aquelas bandas. E foi aquele som que nos motivou a tocar e mudar sensivelmente o repertório. O pessoal saiu da sala, fiquei sozinho. Entrou o Soundgarden com "Outshined". Fiquei vidrado. Eu queria chamar os outros de volta pra ouvir aquele som, mas sabia que nossas limitações musicais jamais nos permitiriam reproduzir aquilo. O vocal, então, nem se fala.

O que aconteceu depois, todo mundo já sabe. E o Soundgarden passou a ser minha banda preferida da primeira metade dos anos 90. Eu queria ter 1/10 do talento que o Matt Cameron tinha na bateria. Quando eles praticamente decretaram "grunge is dead" com o lançamento da obra-prima "Superunknown", eu já era um humilde servo. Hoje continuo apenas um servo, a humildade já se foi. E voltei a ouvir o "Superunknown" duas vezes ao dia. Sabia cada batida de cor, tocava no violão todas as músicas com afinações bizarras e cantava todas as letras em tom mais baixo (óbvio!!).

A banda lançou o ótimo, porém inferior (e subestimado), "Down On The Upside" em 96 e acabou quase em seguida, movida por brigas e vaidade. Matt Cameron foi tocar no Pearl Jam (o que para mim equivale a Zico jogar pelo Vasco) e esqueci dele. Mas ainda me lembro da simplicidade, ritmo e cadência que dava até a músicas menos explosivas, como Rhinosaur, Head Down e a depressiva Mailman. Melhor baterista dos anos 90, na minha opinião. E olha que eu adoro até o que vim a ouvir atrasado pré-Badmotorfinger, como as ótimas Hands All Over e Loud Love.

O Chris? Bom, aquele vozeirão impressionante era um tremendo embaraço ao vivo. pelo que tenho de gravações do Pinkpop e Lollapalooza em 92 e em outras dezenas de vídeos, não só do SG, mas também do deprimente "Rage Against The Garden" (Audioslave), ele não sustenta ao vivo os agudos. Observando alguns vídeos da nova turnê solo, no entanto, pelo usuário do YouTube CornellsGarage, dá pra sentir uma leve melhora, mesmo com 43 anos de idade, muitas drogas e cigarros depois. Repertório do show de 13/11 nos EUA:

Let Me Drown
Outshined
Show Me How To Live
Out Of Exile
No Such Thing
Billy Jean
Hunger Strike*
Spoonman
Doesn't Remind Me
Cochise
Ty Cobb
Arms Around Your Love
You Know My Name
Be Yourself
Pretty Noose
What You Are
Rusty Cage

Superunknown
Seasons**
Burden In My Hand
Slaves & Bulldozers

* - Temple Of The Dog
** - trilha sonora do Vida de Solteiro

No dia seguinte, ele cantou Black Hole Sun com o Peter Frampton e costuma alternar outras músicas do SG.

Com todas essas aí em cima e mais outras que podem entrar, será impossível que eu perca esse show. Reminiscências e reencontros com o meu eu de 20 e pouquinhos anos, mesmo que não seja o Matt na bateria, mesmo que a voz do Chris não agüente, mesmo que aquilo que eu busque não esteja mais lá.

Sim, cada uma das músicas sublinhadas acima é um link para um vídeo no YouTube. Quero que vocês ouçam o que eu falo.

sábado, novembro 17, 2007

COLD WIND

Eu tinha um sonho recorrente quando eu era criança. Vez ou outra eu sonhava que era infinitamente minúsculo e tudo ao meu redor era incomensuravelmente grande. Acordava suando e cheio de pavor e ia correndo acordar minha mãe também. Eu só conseguia sossegar se ela andasse comigo por toda a casa pra me mostrar que as coisas estavam nos seus devidos tamanhos.

Outro dia desses, eu tentei invocar essa sensação de pavor com a qual acordava. Imaginei que afundava no meu colchão e que os móveis cresciam assustadoramente de tamanho. Por cerca de 10 segundos, consegui resgatar parte da sensação. Foi uma catarse iluminadora. Primeiro, porque demonstrava o poder de minha mente. Segundo, porque me dava a certeza de que todos os nossos medos infantis nunca vão embora em definitivo, só os enterramos tão profunda e indefinidamente que não se sabe quando podem aflorar.

A imensidão óbvia, no entanto, nunca me assustou. Móveis do tamanho de arranha-céus são assombrosos, mas arranha-céus de verdade sempre me fascinaram. Claro, se restritos ao que chamo de terra natal. Tudo isso pra dizer que eu amo o Rio de Janeiro.

Acabo de voltar da experiência incomparável de sair de uma festa na Lapa e tomar o caminho menos comum para casa. Evitando a confusão da Mem de Sá, pego o rumo da República do Chile. A Catedral Metropolitana, imponente como igreja inusitada, e o prédio da Petrobrás, que gasta tanta luz quanto uma cidade pequena, saltam aos olhos no horizonte do Centro, em direção à Av. Rio Branco. Largo da Carioca à esquerda, 13 de Maio à direita, o vento frio soprando na janela que, oportunamente, deixei aberta. "Cold Wind", do Black Rebel Motorcycle Club, tocando no meu CD player. Clichê, mas a epifânia merece trilha sonora adequada.

Descendo a Rio Branco, MNBA, Biblioteca Nacional, Cinelândia, o Monumento dos Pracinhas se aproximando no horizonte, olhos cuidadosos para os veículos que cismam em atravessar sinais vermelhos na entrada do Aterro. MAM passando voado, minha mão já pra fora sentindo o vento, dedilhando a corrente. Dirigir com uma mão só, de olho nos novos pardais da indústria municipal de multas. Como diriam Fausto Fawcett e Fernanda Abreu, sou carioca, pô, eu quero meu crachá.

Praia do Flamengo, Hotel Glória, Pão de Açúcar escondido na escuridão, Morro da Viúva, sede antiga do meu Mengão. Baía de Guanabara, sei, é clichê, mais uma vez, mas a grandeza do meu Rio não me assusta, não são os móveis de minha casa. É preciso, de qualquer forma, andar pela cidade, pra me mostrar que as coisas continuam nos seus devidos tamanhos, imensas, imponentes, lindas, absolutas.

Eu amo a minha cidade. Dizem, em inglês, que "home is where the heart is", mas eu começo a perceber que "the heart is where your home is", mais do que tudo. Quando eu me der conta 100% de que minha felicidade plena, em todos os âmbitos possíveis, está nos limites do meu Rio de Janeiro, serei efetivamente um homem mais feliz.

Sou carioca, pô, eu quero meu crachá.

sábado, novembro 03, 2007

O SOLADO DA PUMA ESCORREGA

Ou então comprei os únicos dois pares de tênis sem aderência da marca. Pior para minha bunda e seu contato com o chão em duas ocasiões diferentes desde que cheguei à terra do "leitê quentê" e dos topetinhos. Escoriações e contusões à parte, volto pro Rio daqui a pouquinho. Saudade já da minha terra, não consigo ficar muito tempo em cidades do interior.

Tirando a incômoda chuva, que atrapalhou bastante meu intuito de rodar todos os inúmeros sebos e brechós da cidade, o feriado foi bom. Ainda considero uma experiência muito gratificante vir a Curitiba todo ano assistir ao TIM Festival. A pedreira é linda, de razoavelmente fácil acesso (30 min. de ônibus do Centro), a infra é ótima, bebida e comida baratas, público comportado, considerando a criançada presente, visibilidade boa do palco e a presença de mil mulheres lindas. Ah, os shows também foram bons, na média.


Eu já tinha uma idéia predeterminada de como seriam, mais ou menos, alimentada em parte pelo fato de que já assisti a todos os artistas em outras ocasiões: Hot Chip deslocado, mas interessante, Björk cativante, porém chata para muitos, Arctic Monkeys batendo cartão sem empatia e o Killers messiânico. Guardadas as devidas proporções, foi exatamente isso.

Não ajudou muito o Hot Chip ter começado o show pontualmente às 19h, já que nem 1/3 do público havia chegado ainda e a luz do dia também não tinha desaparecido. A música deles seria perfeita num clube ou no mínimo mais tarde, com show de luzes e tudo o que demanda o gênero, levando-se em conta que eles não se mexem muito no palco. Como ficou, apenas trilha sonora de ambientação. Nem "Over and Over" empolgou tanto.



Eu não sou um fã ardoroso da Björk. Levanto ambas as sobrancelhas para os últimos álbuns dela, achei o Medulla uma merda e só gosto incondicionalmente mesmo das músicas mais antigas. Mas pode me espancar e me chamar de Sally se o show dessa elfa não cresce em cima de você. É fato que a maioria do público presente estava cagando para ela e mesmo os que gritavam "u-hu" a cada "obrigado" que ela tentava inutilmente pronunciar (saía algo como "obricá") só o faziam certamente porque é "cool" dizer que se gosta de Björk. Mas é preciso paciência para se apreciar um show desses, com todo o gestual e teatral que ela traz consigo (motivos orientais no momento), um palco grande demais para as músicas mais introspectivas e tal.

Só que o seu carisma é inegável. Dando tudo de si, na voz, na dança, no visual, aos poucos os chatos do "u-hu"assentam e é possível deixar a mente vagar pelas músicas. Apresentação com base no álbum mais recente, mas com direito a "Bachelorette", "Joga", "Hyper Ballad" e, para a minha imensa alegria, "Army Of Me", cujo vídeo postarei depois. Ao fim de uma hora de encanto, sob gritos de "Volta! Volta!" (trocadilho ou coincidência?), ela, a ótima banda e suas ninfas islandesas retornam ao palco para encerrar a festa com um esporro eletrônico com direito a chuva de papel picado na nova "Declare Independence". Memorável e, de longe, o melhor show da noite.



Eu me lembro quando assisti a Velocidade Máxima (Speed) no cinema há uns 13 anos. Havia uma frase que encerrava o filme e que ficou na minha cabeça, sabe-se lá por que motivo. Dizia algo como "relacionamentos que começam intensamente duram pouco". Essa máxima, comigo, pelo menos, sempre funciona. Não acho que seja uma analogia forçada usá-la para me referir aos Arctic Monkeys. Acho que já está chegando ao fim o reinado deles sobre a máquina do hype. A não ser com uma mudança radical ou algum tempo para sossegar, os moleques vão entrar em combustão espontânea.

Já não chega o imediatismo de lançar dois álbuns seguidos em pouco mais de um ano, os riffs pós-punk e mil variações de ritmo nas músicas estão começando a dar no saco, ao menos para mim. Não me entendam mal, os moleques tocam muito bem e há várias canções muito boas, mas o problema é a aparente necessidade de se mostrar o quão virtuoses eles são, às vezes colocando cinco caminhos diferentes numa mesma música. A falta absoluta de carisma no palco também prejudica públicos não-ingleses, ou seja, não acostumados com essa fleugma britânica (timidez?) e o show soa frio e sem vontade, apesar da platéia vibrar com os hits. "Fluorescent Adolescent", rapazes, esse é o caminho. Canção simples, melodiosa e eficaz no que se propõe. É por aí.



Para muitos (leia-se "quem não gosta de Björk"), o Killers foi o show da noite. Grandioso e reflexo perfeito da megalomania de seu vocalista, entrega de cara as origens da banda (o exagero visual de Las Vegas) e sua formação religiosa (impossível tirar o ar de pregação mórmon de Brandon Flowers). Bom, à exceção de "Read My Mind", eu não gosto do Sam's Town. Daí a achar dois terços do show chatos. "Mr. Brightside", "Jenny Was A Friend Of Mine", "Smile Like You Mean It", "Somebody Told Me" e, já no bis, "All These Things That I've Done". A cover de "Shadowplay", do Joy Division, foi OK, mas foram estas 5 músicas o que valeu o show para mim. O resto, dispensável.



A viagem serviu também para que eu lesse o "Sex, Drugs And Cocoa Puffs", do Chuck Klosterman. Eu juro que não entendo como nenhum livro dele foi lançado no Brasil ainda por uma Conrad da vida, afinal, o cara é sucesso absoluto nos EUA, escreve para a Spin, a Esquire, GQ, Washington Post, Village Voice, tem uma linguagem pop irresistível e um ótimo senso de humor. Neste aqui, o mais clássico (pelo menos ainda não li o IV ou o Killing Yourself To Live, também comprados em agosto), através de vários textos randômicos, detona sua metralhadora giratória falando de assuntos tão díspares como Pamela Anderson, Big Brother, John Cusack, basquete, Billy Joel, o Império Contra-Ataca e outros. Às vezes, falha miseravelmente, como quando tenta justificar seu ódio por futebol (o nosso) dizendo mil asneiras sobre o esporte, mas em geral ele acerta no alvo. Como exemplo, vejam os seguintes trechos:

"Woody Allen tornou aceitável para mulheres bonitas dormirem com nerds bobões de óculos; tudo que precisamos fazer é fabricar a ilusão de humor intelectual e, de algum modo, temos uma chance. A ironia é que muitas das mulheres mais suscetíveis a esta armação sequer assistiram a algum dos filmes de Woody Allen ou estariam dispostas a tocar o próprio Woody Allen se tivessem a chance (especialmente desde que ele provou ser um über-pervertido freak de clarinete)".
- Sobre relacionamentos.

"Se você fosse tomar pornografia pelo seu valor nominal, você seria forçado a concluir que mulheres raramente têm pelos pubianos, exceto por aquelas que fazem propaganda em ter mais pelos pubianos do que o normal. Também parece haver uma demanda incessante de adolescentes nuas, embora também pareça haver um entendimento tácito de que qualquer mulher de 31 anos com peitos pequenos possa pa
ssar por uma adolescente se ela tem maria-chiquinha e um pirulito".
-
Sobre pornografia na Internet.

"Qualquer criança normal seria mais atraída por Skywalker do que Solo. Essa foi a personalidade que engolimos. Logo, quando todas as crianças de 8 anos em 1980 fizeram 21 em 1993, não conseguimos evoluir. Estávamos apenas velhos o suficiente para ser corrompidos pela infância e jovens demais para não perceber isso. De repente, nós todos queríamos ser Han Solo. Mas estávamos enrolados com problemas de Skywalker".
- Sobre a influência de Guerra nas Estrelas na Geração X (a minha).


"Você encontra sua alma gêmea. Contudo, há um porém: a cada três anos, alguém quebrará ambas as clavículas de sua alma gêmea com uma chave inglesa, e só há um meio de você impedir isto de acontecer: você deve engolir um comprimido que fará com que todas as músicas que você ouvir - pelo resto de sua vida - soem como se estivessem sendo tocadas pelo Alice In Chains. Quando você ouvir Creedence Clearwater Revival no rádio, irá soar (para os seus ouvidos) como se estivesse sendo tocada pelo Alice In Chains. Se você assistir ao Radiohead ao vivo, cada uma de suas melodias soará como uma cover feita pelo Alice In Chains. Quando você ouvir um jingle de comercial na TV, soará como Alice In Chains. Se você cantar sozinho no chuveiro, sua voz soará como a do falecido vocalista do Alice, Layne Staley, cantando a capella (mas soará assim somente pra você). Você tomaria o comprimido?"
- Parte do questionário para avaliar se o autor gostará de alguém ou não.



Porra, como não ler este livro?
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